sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Minha amiga lagartixa.

Viro, olho o canto da sala, a lagartixa continua ali.
Pequena , inerte, quase morta como eu.
Sinto-me morta de tão triste, solitária e saudosa...
O que a lagartixa tinha na cabeça? Minhoca, como eu?
Ela me observa e me pego a sorrir por pensar que tem cabeça de minhoca com cara de lagartixa!
E, eu com minhas abstrações e rosto de gente!

Rosângela de Paiva

Fracionada.

Sou uma fração do mundo. Somos todos fração na natureza.
E quase nunca percebemos isso.
Nem sempre estamos de bom humor.
Nem sempre estamos satisfeitos por sermos fração viva.
Mas, somos quase um todo perfeito por possuirmos corpo, alma e cabeça pensante.
Mas, falhamos quanto ao espírito e atitudes.
Sempre pensamos, não temos tomada.
Às vezes cansados, irritados e com muita conta pra pagar.
Praguejamos tudo , todos e a nós mesmas.
Por isso esquecemos de ficarmos alegres ou de dizer, eu te amo.

Rosângela de Paiva

Meu filho, uma obra de arte!

Tem nome de anjo porque escolhi mesmo um anjo para ser meu filho.
Exigi tanto dele que agora exige tudo de si mesmo.
Cobrei-lhe o que minha mãe cobrava de mim e não pagava.
Ele retribuiu a nós dois.
Orgulhosa fico com sua inteligência e responsabilidade.
Com sua tranquilidade mesmo que aparente.
Sua vontade de progredir e regredir quase nunca.
Dirigindo um carro sem experência não transgride, muito menos ultrapassa.
Diria uma pessoa constante, mesmo com o humor duvidoso. Hoje menos duvidoso e mais seguro e maduro.
Venceu com seu esforço e mérito, mesmo vindo pobre, já ultrapassou fronteiras.
Só lhe peço que tenha cuidado porque ninguém está livre das armadilhas do amor e da vida.

Rosângela de Paiva

Aquele homem!

A calma que possuía... Aquele homem tinha passadas de algodão.
Sorria sempre, não sei se de alegria, simplicidade , admiração ou apenas para mostrar os dentes brancos em contraste.
O homem era um mistério ou tão transparente que confundia.
Capaz de fazer cafuné por horas, sem se preocupar com absolutamente nada.
Cafuné feito com alegria, simplicidade ou admiração só por estar ali junto a ela.
Ela respondia com uma lágrima contida, uma fraqueza quase infantil. Percebeu então, carente que nunca tinha se dado conta.
Na vedade sempre se disfarçava de independente e forte, o que era apenas roupagem.
Aquele homem certamente a contemplava ou sua índole era mesmo nobre e doce. Parecia se bastar e bastava pra ela.
Amanheceria e tudo voltaria ao normal.
O cachorro do vizinho latindo lhe acordaria para a lida.
Depois de pronto o café, um cigarro, e pensamentos que viriam com as lembranças já quase esquecidas.

Rosângela de Paiva

Sou o que sou, sem saber quem sou.

Simplesmente viver ou procurar sempre sentido?
Pensar, programar cada dia?
Ou somente se deixar livre?
Parar de pensar, importa em morrer.
Viver sem objetivos uma coisa que pode ou não mudar com o tempo.
Sem se preocupar, sem filosofar a respeito de si mesma é mesmo a morte.
Viver com alegria, mesmo tendo uma tristeza como companhia é a forma para sentir o sabor da vida.
Ou o sabor da vida implica apenas em estar aqui.
Acordando, realizando tarefas, sentindo dor, envelhecendo, morrendo, lutando contra todos, tudo e você?
Saborear a vida é tomá-la pelos braços.
Saborear a vida é parí-la como a um filho.

Rosângela de Paiva

FRAGMENTOS DE ROSA.

Somos fragmentos num todo.
Somos todos fragmentos. Somos todos fragmentos de vida.
Juntar cacos e fazer deles um jarro.
Colher uma rosa e conservá-la viva por uma semana com água e melhoral no jarro, como se fosse a nós mesmas.
Diante de um oratório está o jarro com sua rosa que pode ser tanto rosa, como branca ou vermelha. Não importa sua cor. Não importa seja rosa ou Rosa.
Mas que posta com fé, como a rezar, permaneceria intacta até que água e remédio não teriam mais efeito.
De novo, juntar pétalas caídas e depositá-las em um livro de cabeceira.

Rosângela de Paiva